O Comitê de Política Monetária (Copom) define nesta quarta-feira (15) para onde vai a Selic, taxa básica da economia, que atualmente está em 12,75% ao ano. A expectativa do mercado, e de economistas ouvidos pela CNN, o colegiado deve anunciar um novo aumento de 0,50 ponto percentual, conforme já havia sinalizado na última reunião, em maio. Com isso, a taxa deve ir para os 13,25% ao ano.
O objetivo do aumento na taxa da Selic é conter a inflação e as expectativas inflacionárias. O economista-chefe da Kínitro Capital, Sávio Barbosa, explica que, se a expectativa em relação aos preços está elevada, o repasse acaba sendo maior, e para conseguir quebrar essa dinâmica de alta é necessário conter a aceleração da inflação.
“O mercado vai acompanhar com bastante atenção qual será a sinalização para a reunião de agosto. Se a taxa Selic se mantiver neste patamar por um período alongado, acredito que o Copom pode encerrar o ciclo de aumento dos juros na reunião de junho, cortando juros só em meados em 2023, o que é compatível com a convergência da inflação”, observa.
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Barbosa destaca que a taxa de juros nos Estados Unidos também deve subir em 0,5 ponto nesta quarta-feira (15), como mostram as projeções. Mas, segundo ele, há uma possibilidade de a taxa americana aumentar em 0,75 ponto e, se isso ocorrer, a próxima reunião do Banco Central brasileiro poderá trazer um novo reajuste.
“Na última semana, foi divulgado o dado da inflação americana referente a maio, que ficou acima das expectativas. Esse aumento de juros nos Estados Unidos fez com que a pressão da moeda brasileira crescesse, e pode fazer com que o dólar se fortaleça. Por conta disso, a decisão desta quarta vai ser bem importante e, se chegar a 75 pontos base, o risco de um novo aumento do banco central brasileiro de agosto pode se elevar”, afirma.
O economista e professor do Ibmec Thiago Moreira concorda com a expectativa de subida para 13,25% da taxa de juros brasileira e de 0,5 ponto na americana. Ele pontua, no entanto, que os meios pelos quais o combate inflacionário é realizado são pouco eficientes no atual cenário. Para ele, o modelo atual pressiona o Banco Central a ter que fazer os aumentos porque, caso ele não faça, as expectativas ficam desancoradas.
“A resposta sempre é com elevação de juros. Quando olhamos para a realidade brasileira, essa forma de combate inflacionário não tem tido muito sucesso. O Banco Central foi um dos primeiros a subir juros de forma agressiva e a inflação só subiu. É um ciclo que acaba sendo muito negativo para a economia”, analisa.
Moreira relata que o aumento do preço dos combustíveis e a guerra na Ucrânia ajudam na elevação da inflação e acabam pressionando os juros. Segundo ele, esses fatores não só não atacam a raiz do problema, como atraem efeitos colaterais negativos para a economia.
“Isso pode desestimular o investimento produtivo, estimula o rentismo, que são pessoas que vivem apenas de aplicações financeiras, reduz o apetite do investimento produtivo, além da geração de emprego. Além disso, torna as famílias brasileiras ainda mais endividadas com o aumento de inadimplência, com o comprometimento da renda que já está difícil para as famílias conseguirem fazer o pagamento financeiro”, completa.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Economistas esperam alta de 0,5 ponto na Selic, que pode ir a 13,25% nesta quarta no site CNN Brasil.